"É como desejar a chuva
Enquanto estou no deserto
Mas eu estou segurando você
Mais perto do que nunca
Porque você é meu paraíso
Você é meu paraíso."
Eu comecei
a pensar até que montei o quebra-cabeça.
Justin
tinha entrado por minha janela, foi até a escada e viu Ian em cima de mim, e
como todos os bocós saiu correndo e derrubou o vaso, depois ele pulou da janela
e saiu cantando pneu com seu carro.
E agora a culpa tinha redobrado...
Peguei em sua mão e comecei a chorar.
Não demorou muito e eu ouvi alguém entrar na sala, sequei minhas
lágrimas e olhei. Ela tinha um cabelo moreno e encaracolado e olhos azuis
lindos, eu percebi que ela queria se acalmar e acreditar que estava tudo bem,
mas ela sabia que não estava.
Percebi isso pelo jeito que ela olhou para Justin, e com
certeza era sua mãe.
– Oi? – Ela disse quebrando o silêncio e vindo até a cama
de Justin. – Não
é por nada mas, como é seu nome?
_Kath.. Kathryne.
– Ah, sim. Você é mas bonita ao vivo. – Ela disse fungando
o nariz e sorrindo fofa, a olhei confusa. – Ah, me desculpa por não
me apresentar, sou Pattie. Mãe dele, aliás, Justin fala muito de você.
Forcei um sorriso e me afastei um pouco, eu olhava cada
movimento dela, ela foi até sua cama e pegou em sua mão.
– Você é muito irresponsável sabia? Por que você fez isso
Justin? Eu sei que essa não é hora de te dar uma bronca, mas, eu estou
desapontada com você e ao mesmo tempo em que quero te esganar, eu quero que
você volte. Volta Justin, por favor! Por mim.
Era horrível, era horrível o que eu estava sentindo, a dor me
consumia, eu não conseguia mas ficar aqui, ouvir aquilo, por mas nenhum
segundo. Comecei a chorar e soluçar, Pattie tentou se aproximar de mim, mas eu
sai correndo, tropeçava em todo mundo.
Eu não conseguia mais segurar aquilo dentro de mim.
Sentia minha garganta pedindo socorro por água, mas naquele
momento aquilo não era nada, eu corria e corria em busca de chegar logo em casa
e lá poder ofegar todas as minhas lágrimas.
[...]
Foi um milagre de Deus ninguém ter me atropelado, eu não
conseguia olhar para frente, só conseguia chorar e chorar.
Olhei pro chão e percebi que já tinha chegado a casa, abri a
porta e corri pelas escadas, abri a porta do meu quarto e fechei a mesma.
Despi-me e entrei no banheiro.
Coloquei a banheira para encher, enquanto isso eu olhava
fixamente o gilete que estava perto da mesma.
Entrei na banheira que já estava cheia e peguei o gilete.
Eu não entendo os meus sentimentos, eu não entendo o que eu verdadeiramente
sinto, a culpa está me possuindo, eu preciso distraí - lá, isso não irá dar
certo, eu sei, mas foda-se, eu o machuquei, e isso é o que importa.
A cada corte era
como se enfiasse uma espada no meu coração.
Cada gota de
sangue que saia era como se a dor quisesse sair, mas no fundo eu sei que não
iria sair.
Aquilo parece que
te alivia, alivia a dor, mas depois você se machuca mais, ao saber que não foi
forte o suficiente para provocar isso.
Eu estava chorando
e os soluços eram altos, ainda bem que mamãe nem pai e nem a Mell estava em
casa. Minha princesa ai minha princesa, Mell como eu te amo. Todas as brigas
são gestos de amor.
Papai, meu herói,
meu sustento, meu abrigo.
Mamãe, minha
rainha, guerreira, minha inspiração de mulher.
Eu poderia acabar
com tudo isso agora, aqui. Mas eu quero dar um ultimo beijo nele, eu quero
cuidar dele. Não estou apaixonada por ele, é apenas um gesto de gratidão porque
quem causou tudo isso, foi eu.
Os cortes estavam
cada vez mas fundos, mas eu não liguei em fazê-los em meus pulsos e minhas
coxas.
[...]
''Por quê?
Porque vida? Porque tem que ser tão difícil?
Eu choro por
ter feito isso com ele, eu choro por ter o machucado.
Eu choro por
ser tão idiota a chegar ao ponto de quase beijar Ian.
Eu não sabia
que Justin ia me visitar logo nesse dia, nessa hora.
Mas eu sei que
ele queria me dizer algo. Justin nunca foi ruim, com certeza ele queria me dizer
algo.
Eu queria pode
estar no lugar dele, estar sentindo a dor de estar desacordado do mundo. Porque
logo ele?
Não. Isso não é
uma confissão que eu esteja gostando dele, mas e o tamanho da dor que Pattie
deve estar sentindo agora?
De saber que
seu filho pode morrer a qualquer momento.
Eu sei, eu sei
que a dor que eu estou sentindo nem chega perto da dor que ela deve estar
sentindo.
E o pior é que
ela acha que foi ele, que foi porque ele quis que aquilo acontecesse.
Não sei o porquê
de ele ter saído daquele jeito, deve ter sido apenas ciúmes de amigo.
O pior de tudo,
é que eu não posso por a culpa em ninguém, exceto há mim. ''
Fechei meu diário, coloquei na mesinha e
limpei algumas lágrimas. Deitei e dormi...
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